sexta-feira, 31 de julho de 2009

Tira, Deus, as crianças
deste imenso purgatório.
As crianças que vagam por aí,
dobrando esquinas,
cantando a elegia da vida
que passam o dia inteiro
cheirando cola.

Tira as pequeninas almas
que quase de tudo já viram
para seus corpos
tão frágeis e franzinos.
Até mesmo o homem
mais perverso, talvez não vira
as horas sem comer,
os ratos por entre as pernas
e a morte do maninho
e o sumiço do pai.

Tira, Deus, pois o resto todo
esqueceu desses humanos.
Deixaram um bebÊ desfraldado
sozinho no chão da carioca,
ele não tem nome,
ele não tem cara,
ele não é nada.

2 comentários:

  1. Triste é a verdade de muitas pessoas. O que temos de fazer é ver o mundo, mostrá-lo às pessoas que são incapazes de enxergar (ou simplesmente não querem enxergar). O ser humano é covarde.
    Maravilhoso poema e triste mensagem. Mas é saber que existem pessoas que veem.

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  2. Isso me lembrou minha frase:

    Kyrie Ignis Divine Eleison

    sem mais (:

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