Tira, Deus, as crianças
deste imenso purgatório.
As crianças que vagam por aí,
dobrando esquinas,
cantando a elegia da vida
que passam o dia inteiro
cheirando cola.
Tira as pequeninas almas
que quase de tudo já viram
para seus corpos
tão frágeis e franzinos.
Até mesmo o homem
mais perverso, talvez não vira
as horas sem comer,
os ratos por entre as pernas
e a morte do maninho
e o sumiço do pai.
Tira, Deus, pois o resto todo
esqueceu desses humanos.
Deixaram um bebÊ desfraldado
sozinho no chão da carioca,
ele não tem nome,
ele não tem cara,
ele não é nada.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
João e o pé-de-feijão
O negócio é comer feijão,
No vagão do trem se espremer
E gritar com a dona do lado
Reclamando das sacolas.
É chegar na Central e comer
1 SALGADO
+
1 REFRESCO
=
R$ 1,50
E beber num pé-sujo sujo,
E correr, correr bem
Quando todos já correm.
É pegar a fezinha e torcer
Porque talvez se abrace o jacaré.
É comprar bugigangas
Que brotam da rua
Depois da guarda passar.
No final do dia
Correr para ver
O último trem do ramal santa cruz
Partir e correr, correr bem
Para entrar no vagão.
É chegar em casa a tempo
De ver toda novela.
Desligar a televisão,
Deitar na cama
Virar-se para elogiar a macarronada,
E dar aquele trato na patroa.
Amor proletário-revolucionário.
O negócio é comer feijão
E ser feliz!
No vagão do trem se espremer
E gritar com a dona do lado
Reclamando das sacolas.
É chegar na Central e comer
1 SALGADO
+
1 REFRESCO
=
R$ 1,50
E beber num pé-sujo sujo,
E correr, correr bem
Quando todos já correm.
É pegar a fezinha e torcer
Porque talvez se abrace o jacaré.
É comprar bugigangas
Que brotam da rua
Depois da guarda passar.
No final do dia
Correr para ver
O último trem do ramal santa cruz
Partir e correr, correr bem
Para entrar no vagão.
É chegar em casa a tempo
De ver toda novela.
Desligar a televisão,
Deitar na cama
Virar-se para elogiar a macarronada,
E dar aquele trato na patroa.
Amor proletário-revolucionário.
O negócio é comer feijão
E ser feliz!
Soneto do desolado
Este poeta caminha em círculos
pensativo, calado! Não se esgota
nem repara se sua coluna entorta
mas continua com uns passos ridículos.
Levanta as mãos aos céus e diz: “mas como?”
Pára, fecha a cara para o horizonte
esperando vir um rinoceronte
achando que aquilo seria um sonho.
Não é o caso de poeta platônico
nem de ela ter coração canônico.
Porém, tendo em vista, sua aplicação
ao poemar versinhos cheios de afeição
tomba o poeta ao ver, desolado,
que seu amor sequer fora notado.
pensativo, calado! Não se esgota
nem repara se sua coluna entorta
mas continua com uns passos ridículos.
Levanta as mãos aos céus e diz: “mas como?”
Pára, fecha a cara para o horizonte
esperando vir um rinoceronte
achando que aquilo seria um sonho.
Não é o caso de poeta platônico
nem de ela ter coração canônico.
Porém, tendo em vista, sua aplicação
ao poemar versinhos cheios de afeição
tomba o poeta ao ver, desolado,
que seu amor sequer fora notado.
Soneto da provocação
O que fazes em mim para perder
as palavras num soneto puro,
que certamente não tremer
o que isola teu coração: um muro?
Tão resistente que fico incapaz
de submetê-lo a minha poesia
atenuado fico, perco a paz
em não lhe dar, deste modo, alegria.
Porque não me olhas quando eu chego
e quando eu vou embora, me procuras?
Se por mim não há nenhum apego,
Porque me dizes as tuas aventuras?
E eu que fico aqui poemando
só posso achar que estás me provocando.
as palavras num soneto puro,
que certamente não tremer
o que isola teu coração: um muro?
Tão resistente que fico incapaz
de submetê-lo a minha poesia
atenuado fico, perco a paz
em não lhe dar, deste modo, alegria.
Porque não me olhas quando eu chego
e quando eu vou embora, me procuras?
Se por mim não há nenhum apego,
Porque me dizes as tuas aventuras?
E eu que fico aqui poemando
só posso achar que estás me provocando.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Assinar:
Postagens (Atom)