sexta-feira, 12 de abril de 2013

As mãos

Na bagunça dos corpos,
Sob a desordem dos copos,
Os dedos, calmamente,
Se colocaram entre si
Numa busca inconsistente
Das mãos juntas ali.
Tanto se olharam,
recuaram e avançaram
Para a chance de ter
Um outro tempo,
Na rajada de um vento
Para que possam se rever

terça-feira, 9 de abril de 2013

O banco

O lado vazio do banco
O lado extenso do banco vazio
Espera o tempo,
Espera a vida,
Espera o velho, rabugento,
Só não espera os pombos
Que nele  repousam.
O lado vazio do banco
Não tem lado quando se está vazio.
Somente quando alguém vem
É que há o lado esquerdo e o direito
do coração daqueles que o têm.
O lado vazio é um
(des)
convite,
Para se sentar ao lado, de frente,
Deitado, abraçado
Esquecidamente beijandamando.


O banco da praça,
O banco do ponto,
O banco do trem,
O banco do ônibus,
Desbancam, de longe,
Qualquer encontro.
Afinal, também nos cinemas
Se sentam separados
Um do outro.